01 de outubro de 2024

Alloha Fibra capta R$ 550 mi e quer voltar aos M&As

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A Alloha Fibra, provedor de internet de banda larga (ISP) da eB Capital, acaba de captar R$ 550 milhões em duas séries de debêntures incentivadas em sua primeira oferta pública, que teve uma demanda superior a R$ 1 bilhão, o que representa 1,94 vez o booking.

Os recursos que entram para o caixa da Alloha Fibra alongaram a rolagem de sua dívida, que está em R$ 2,1 bilhões, de 1,9 ano para 2,7 anos e permitem que o ISP possa voltar às Fusões e Aquisições, uma característica da companhia desde sua fundação em 2018.

 

A partir da operação,. segundo o CEO da Alloha, Lorival Luz, a empresa tem tranquilidade para não acessar o mercado nos próximos dois anos, evitando qualquer risco de liquidez.

 

A primeira tranche captou R$ 213,7 milhões, com prazo de 10 anos, com cupom semestral, taxa de IPCA + 8,10% e amortizações a partir do 8º, 9º e 10º ano. A segunda, de R$ 336,2 milhões, também com cupom semestral, tem taxa de IPCA + 7,75% e amortizações no 6º e 7º ano. O Itaú BBA foi o coordenador líder da emissão.

 

A emissão das debêntures se junta a um financiamento de R$ 148 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será usado para a expansão da rede de internet no Maranhão e Pará.

 

Atuante em 860 cidades, de 22 estados brasileiros, a Alloha Fibra tem 1,6 milhão de assinantes e construiu uma rede de 170 mil quilômetros que passam por 7,8 milhões de domicílios no Brasil (esse é potencial máximo de clientes que o ISP pode ter a partir de sua própria rede).

 

Luz, que assumiu como CEO no ano passado, chegou com a missão de arrumar a casa, depois de quase 20 operações de M&A no período de 2018 a 2022, como as aquisições de Sumicity, Mob Telecom, Wirelink, Vip, Click, Univox, Ligue e Niufibra, que deram a musculatura atual para o provedor de internet de banda larga.

 

A principal tarefa de Luz, nesse período, foi unificar diversas marcas em um trabalho de integração. Ele encontrou uma companhia com nove marcas. Agora, no varejo, todas elas estão reunidas sob o nome de Giga +. Havia 89 sistemas, que foram reduzidos para 17. E, dos 19 CNPJs, três deles ainda são mantidos. Com isso, companhia obteve ganhos de margem e alavancou suas sinergias, tornando-se, finalmente, lucrativa.

 

Nos seis primeiros meses de 2024, o lucro foi de R$ 17,8 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 4,3 milhões no mesmo período do ano passado. A receita operacional líquida chegou a R$ 830,4 milhões, alta de 4%.

 

Mas alcançar a lucratividade veio a partir de uma redução na expansão da empresda, em um mercado altamente competitivo que tem, de um lado, as operadoras de telefonia incumbentes (como Vivo, Claro e Oi); e, de outro, ISPs independentes, como Vero, Brisanet, Desktop e Unifique.

 

De janeiro a junho deste ano, a Alloha conseguiu adicionar 22 mil novos clientes a sua base, segundo dados da Teleco, consultoria independente de telecomunicações. Seus rivais cresceram mais. A Brisanet conquistou 69 mil assinantes neste período. A Desktop, 61 mil. E a Unifique, 42 mil. Só a Vero ficou atrás da empresa da eB Capital entre os ISPs independentes, com 2 mil de novos clientes.

 

“A casa está agora arrumada, temos a estruturada adequada e funding de longo prazo. Estamos prontos para voltar a crescer”, diz Luz. “E o crescimento inorgânico tem se mostrado mais adequado. O ganho de sinergia é maior. E o meu custo de entrada é menor.”

 

O CEO da Alloha Fibra, no entanto, não diz quais os mercados são prioritários para a companhia nesse retorno aos M&As. Mas alega que é mais fácil crescer onde já tem uma infraestrutura pronta, indicando que novas localidades não devem fazer parte do plano de expansão da companhia.

 

O mercado de provedores de internet que usam fibra óptica para fornecer banda larga de alta velocidade é altamente pulverizado. De acordo com dados da Teleco, existem 35 milhões de conexões.

 

Mas só quatro empresas tem mais de 1 milhão de clientes. Segundo as contas da Alloha Fibra, 40% das operações têm menos de 100 mil assinantes. “Tem um espaço enorme para a consolidação”, diz Luz. “E queremos ser protagonistas para atrair essas empresas menores.”

 

Os movimentos entre as operadoras pode, no entanto, tornar a Alloha um alvo. Já se observou a Vivo tentando comprar a Desktop, a Oi vendendo sua área de banda larga, que deve ser adquirida pela V.tal, além da fusão entre a Vera e a Americanet.

 

Há apetite, há investidores e o mercado de telecom ainda verá muitas peças se mexendo no tabuleiro das Fusões e Aquisições.

 

Fonte: NeoFeed

Imagem: Freepik